Antes do jogo contra o Botafogo, a grande maioria dos tricolores lamentava a ausência de Wellington Nem. O atacante vinha sendo a principal arma do Fluminense na temporada, e, Rafael Sobis, que estava em seu lugar, não repetia o grande desempenho do fim do ano passado. Mas, experiente, Sobis abstraiu os comentários e se concentrou nos treinos. Ao longo da semana, se destacou em todas as atividades, mostrando muito empenho. O resultado foi uma partida impecável diante do Botafogo com direito a dois gols na goleada por 4 a 1, pelo primeiro jogo da final do Campeonato Carioca (veja os gols ao lado).

Com tudo isso, não faltavam motivos para ele escancarar o sorriso e exaltar os próprios feitos. Mas esse não é o perfil de Rafael Sobis. O atacante, que foi quem mais finalizou na partida, ao lado de Thiago Neves, com cinco chutes, mantém os pés no chão. Mas em meio a respostas que pregavam respeito ao Botafogo e lembravam que o Fluminense ainda não conquistou nada, deixou escapar a alegria pela boa atuação logo em sua primeira final de Carioca.

- Trabalho e muito para isso. Quem acompanha os treinamentos sabe como eu me empenho para poder ajudar da melhor forma possível. E nada é melhor do que marcar dois gols em um jogo importante como esse.

Rafael Sobis comemora um dos seus gols contra o Botafogo na final (Foto: Sergio Moraes / Reuters)

Mas rapidamente, Sobis travou o entusiasmo. Aos 26 anos, ele sabe que um jogo ruim dias depois pode apagar todos os feitos recentes. E, na sua visão, a margem de erro tem de ser quase zero. Principalmente no seu caso em particular: o contrato de empréstimo se encerra no fim de agosto.

- A cobrança é grande. O clube fez um investimento e o tempo é curto. Não se pode machucar, por exemplo. Precisa fazer por merecer sempre. Mas com o passar dos anos a gente vai sabendo como lidar com as coisas. Já fiz dois gols decisivos em outros momentos da minha vida, assim como já tive partidas em que não fui bem. Não posso me iludir, tenho de seguir em frente na vitória e na derrota.

A questão contratual é realmente delicada. Adaptado ao clube e feliz no Rio de Janeiro, o atacante não pensa em deixar o Fluminense. O outro lado também está mais do que satisfeito, e o clube já pensa em maneiras de resolver a questão junto ao Al-Jazira, dos Emirados Árabes. Um novo empréstimo é hipótese praticamente descartada. Restaria a opção de adquirir os direitos econômicos de maneira definitiva. No entanto, os árabes pedem inicialmente cerca de R$ 13 milhões, quantia considerada inviável pelos tricolores, que esperam reduzir muito o valor.

Sobis admite que quer ficar e esse é o grande trunfo na negociação. Enquanto o problema não é resolvido, ele espera convencer a diretoria tricolor de que o esforço para mantê-lo será válido.

 

- Se as duas partes querem o mesmo, já ajuda muito. Se vai ser fácil ou não, vamos ver depois. Por enquanto é deixar as coisas acontecerem. Ainda tenho um bom tempo de contrato para fazer o melhor possível e passar ainda mais pressão para o Fluminense (risos) - brincou.

A vitória por 4 a 1 deixou o Tricolor com a mão na taça. No próximo domingo, as duas equipes fazem o jogo de volta, e o Botafogo precisa vencer por três gols de diferença para levar a decisão para os pênaltis. Se golear por quatro ou mais gols de diferença será campeão.

Antes disso, o Fluminense entra em campo para enfrentar o Internacional, na próxima quinta-feira, às 22h (de Brasília), no Engenhão. O jogo vale vaga nas quartas de final da Libertadores. Para se classificar, o Flu precisa da vitória. Empate com um ou mais gols dá a vaga ao Internacional. Um novo 0 a 0 leva a disputa para os pênaltis.