Casado e comportado, Vagner vive nova fase: ‘O Love está aposentado’

 

Casado e comportado, Vagner vive nova fase: ‘O Love está aposentado’

Camisa 99 celebra bom momento pessoal e profissional, sonha com volta à Seleção e abre o coração ao falar do Fla: ‘Sentimento puro e verdadeiro’

Por Richard SouzaRio de Janeiro

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Vagner Love (Foto: Alexandre Durão / Globoesporte.com)Vagner Love treina no Ninho do Urubu (Foto: Alexandre Durão / Globoesporte.com)
VAGNER LOVE EM DESTAQUE

No Flamengo, Vagner Love disputou 43 jogos e marcou 33 gols, com média 0,76 gol por jogo.

O atacante foi o artilheiro do campeonato Carioca de 2010 com 15 gols marcados.

É o maior artilheiro estrangeiro da história do CSKA Moscou. Fez 117 gols em 244 jogos.

Em sete anos na Rússia tornou-se um dos maiores ídolos da torcida do CSKA e teve participação decisiva na conquista da Copa da Uefa 2004/2005 (atual Liga Europa), principal título da história do clube.

Em 2010, Vagner Love realizou o melhor ano de sua carreira, quando marcou 34 gols em 48 jogos, somando as passagens por Flamengo e CSKA.

Em 2012, tem 14 jogos pelo Flamengo e dez gols marcados. É o artilheiro do time na temporada.

 Aos 27 anos, Vagner Love vive uma das melhores fases da vida dele. De volta ao Rio de Janeiro, perto da família, casado e apaixonado, e colorido de vermelho e preto. A segunda passagem pelo Flamengo vai completar três meses no próximo dia 27. Um período marcado por emoções. Reapresentação, reestreia, vitórias, derrotas, dez gols e uma eliminação precoce e frustrante na Libertadores. Faz mais de uma semana, só que ainda dói.

- A gente sabe como todo mundo aqui quer ganhar a Libertadores. Doeu bastante, doeu como torcedor. Nós perdemos para nós mesmos.

Love chorou. Desabou no campo do Engenhão sem acreditar no fracasso na competição mais importante do ano para o clube. O atacante ainda vai lamentar por um bom tempo, mas prefere ser otimista e sorrir. Faz um balanço positivo do retorno. A readaptação foi tão rápida que a sensação que tem é de que não saiu depois dos seis primeiros meses de 2010.

- Parece que fui na Rússia tirar férias e voltei.

De sorriso e coração abertos, Vagner falou ao GLOBOESPORTE.COM sobre a felicidade de voltar ao clube, a alegria de morar no Rio e da vida de casado. O jogador virou Love em 2002, depois de ser flagrado com uma garota na concentração do time júnior do Palmeiras. O apelido ele não abandona, mas garante que a postura é outra.

- Não abro mão do Love, vou estar sempre com amor para dar, mas só para ela, para minha esposa Lucilene. O Love está aposentado (risos).

Na entrevista, o jogador demonstrou bom humor, gargalhou, mas ficou sério ao falar de racismo. O último episódio ocorreu no Equador, antes e durante a partida contra o Emelec, em Guayaquil. Na conversa, reconheceu que o patrulhamento da sua vida fora de campo incomoda e disse que espera o amigo Adriano para reconstruir o Império do Amor no Flamengo.

- Só depende dele.

GLOBOESPORTE.COM: Você já disse algumas vezes que nem parece que saiu do Flamengo depois da passagem de 2010. Após aquele período de seis meses, tinha certeza de que vestiria essa camisa novamente?

Vagner Love: Era uma vontade muito grande que eu tinha de continuar, de manter o trabalho. Não terminar, mas dar continuidade ao trabalho que comecei. Voltei para a Rússia, ainda tentei voltar naquele ano de 2010, mas não deu certo. Em 2011 começaram as conversas, negociação, e vai não vai, voltei de férias, mas acabou que em janeiro, perto de fechar a janela, deu tudo certo. Eu pensava, tinha muita vontade de voltar e graças a Deus consegui.

Montagem Mosaico Vagner Love (Foto: Montagem sobre foto da Ag. Estado)Vagner Love em diferentes momentos de sua carreira profissional (Foto: Montagem sobre foto da Ag. Estado)

Deu para ver o quanto foi emocionante para você vestir outra vez a camisa do Flamengo. O que quer para esse clube como torcedor e jogador?

Quero que o Flamengo esteja sempre no auge. Pela grandeza que o Flamengo tem, tem a maior torcida do Brasil. Eu, como jogador, quero estar sempre jogando bem, fazendo gols, dando alegria aos torcedores, ganhando títulos. Sinto falta de ganhar títulos, não gosto de ficar sem ganhar. A consagração do jogador é essa. Quero sempre que o torcedor comemore bastante.

Dói em você quando acontece algo como na semana passada (eliminação da Libertadores), que fez você chorar tanto? Tinha muito do Vagner torcedor ali?

Acho que se a torcida do Flamengo for ao jogo de domingo (contra o Vasco, pela semifinal da Taça Rio) e apoiar a gente do começo ao fim, dificilmente a gente perde"
Vagner Love

Dói porque eu não gosto de perder. E nós perdemos para nós mesmos. Tivemos chance de classificar até com uma certa vantagem dos outros times que enfrentamos na primeira fase. Doeu bastante, doeu como torcedor, como tudo. Minha família fica triste com a minha tristeza.

Vê pontencial de reação no grupo? Dá para chegar como favorito no Brasileiro ou falta alguma coisa?

Temos condições, sim. Acho que agora estamos incorporando isso. Os jogadores mais jovens e os mais experientes, essa mescla está sendo boa, nos entendemos cada vez mais. O Flamengo vai entrar no Campeonato Brasileiro e fazer de tudo para estar sempre no topo da tabela.

A torcida sofreu muito naquele drama contra o Lanús. O quanto ela pode ajudar o time a se recuperar?

Acho que quando a torcida vem com os jogadores, não digo que o Flamengo fica imbatível porque ninguém é, mas a gente ganha uma força dentro da gente, bota para fora e procura fazer o melhor. Acho que se a torcida do Flamengo for ao jogo de domingo (contra o Vasco, pela semifinal da Taça Rio) e apoiar a gente do começo ao fim, dificilmente a gente perde essa partida.

Vagner Love Flamengo (Foto: Alexandre Durão / Globoesporte.com)Vagner Love joga as tranças para o ar (Foto: Alexandre Durão / Globoesporte.com)

Como você está se sentindo para este jogo decisivo? Deu algumas respostas polêmicas sobre o clássico. Está mordido?

Não é mordido (risos). Quero que chegue logo domingo. Minha vontade é entrar em campo e ver o que vai dar.

Você teve uma readaptação muito rápida. O que fez a diferença para essa volta em alto nível?

 

Aqui eu me sinto em casa, alguns jogadores que estavam em 2010 continuaram aqui. Outros jogadores eu conhecia de fora, de jogar contra, conviver. Acho que foi muito fácil entrar aqui e saber que estava em casa. Depois que começa a treinar, começa a fazer por onde, as coisas começam a acontecer para o bem. Fiquei muito feliz de já no começo não precisar ter a readaptação. Acho que pela vontade que eu estava, pelo clima dos jogadores, me receberam de braços abertos. Isso me ajudou muito.

Pelas suas atuações, pelos gols que tem marcado (dez em 14 jogos), se considera no mesmo nível de jogadores que têm sido convocados pelo Mano Menezes, como Leandro Damião (do Inter) e Hulk (do Porto)? Cabe neste momento a volta à Seleção?

Quero muito voltar à Seleção. Estando bem no Flamengo eu vou conseguir esse objetivo. Espero que o Mano esteja acompanhando, eu vou continuar fazendo meu trabalho, fazendo gols. Se não estiver no mesmo nível desses jogadores, vou procurar ficar ou até num nível melhor.

Nas passagens pela Seleção, você acha que rendeu o mesmo que no Palmeiras, no CSKA e no Flamengo?

Não. Não sei se era por ser mais novo, tinha pouca experiência, pressão era grande. De repente não consegui lidar com toda pressão que tem, apesar de ter demonstrado personalidade mesmo antes de ser profissional. Sei que poderia render muito mais do que rendi. Acho que agora, se tiver uma nova oportunidade, com certeza mais experiente, mais rodado, com um pouco mais de bagagem nas costas, vou render muito mais do que rendi.

Vagner Love (Foto: Alexandre Durão / Globoesporte.com)Vagner Love passa por Joel no Ninho do Urubu (Foto: Alexandre Durão / Globoesporte.com)

É uma pendência pessoal?

É uma pendência (risos). Quero mostrar que tenho condições de vestir a camisa da Seleção Brasileira, me sair bem e representar bem o meu país.

Você ficou sete anos na Rússia. De volta ao Brasil, o patrulhamento que é feito da vida pessoal do jogador de futebol incomoda?

Incomoda, sim. Somos seres humanos como vocês. Todo ser humano gosta de fazer certas coisas. Só que hoje em dia só os jogadores que não podem fazer nada. Claro que tudo tem sua hora, seu tempo. A gente sabe quando a gente pode ou não fazer. Mas acho que hoje a vida do jogador está sendo muito controlada, muito vigiada. Nos dias de folga, a gente pode fazer o que bem entender. Se no outro dia a gente não treina, vai ficar acordado até de manhã porque vamos ter tempo de descansar. Tem que pegar um pouquinho mais leve com os jogadores. Nossa vida pessoal não diz respeito a ninguém, mas a nós mesmos. Eu joguei na Rússia e o presidente falava para mim: ‘O que você faz fora de campo não importa. O que vale é o que você faz dentro de campo’. Sempre tive isso comigo. O importante é o que eu faço aqui. Se eu não render, de repente é porque estou fazendo alguma besteira fora de campo. Se eu estiver rendendo, estou fazendo a coisa certa.

Isso não existia em Moscou?

Hoje você vai no restaurante e em cinco minutos a sua foto está na internet. É uma coisa chata e eu acabo evitando. Às vezes quero ir num restaurante, num shopping, e não vou por causa disso. As pessoas ficam vigiando para ver o que eu fazer"
Vagner Love

Imprensa todo dia não existia, não tinha. Só quando tinha jogo importante, um clássico. Fora de campo muito menos. Nem ligava. Andava numa boa, ia no restaurante, ninguém ia atrás para tirar foto minha. Hoje você vai no restaurante e em cinco minutos a sua foto está na internet. É uma coisa chata e eu acabo evitando. Às vezes quero ir num restaurante, num shopping, e não vou por causa disso. As pessoas ficam vigiando para ver o que eu fazer. Quer fazer um compra e não pode porque vão ficar tirando fotos. Hoje em dia todo mundo sabe da vida dos jogadores, o que os jogadores fazem, se vão almoçar, jantar, se vão ao shopping. É uma coisa chata.

Sempre que o Flamengo está em crise, fala-se de falta de comprometimento dos principais jogadores. Foi assim quando o Adriano estava aqui, é assim com o Ronaldinho. E você está no dois momentos. Muitas vezes isso atinge você e outros jogadores. Em 2010, você perdeu um treino e compensou no Dia das Mães. Acaba pegando uma fama que não é sua?

Nunca fui de deixar de treinar, nunca faltei treino. Se eu faltei, se faltar, como você citou, eu tenho a minha justificativa, meu motivo, e o dia que marcar o treino e vou estar aqui. Se é de manhã, se é de tarde, se é de noite, para compensar o que eu perdi por um motivo particular. Se tiver que vir no outro dia, como eu vim no Dia das Mães, sem problema nenhum. Acordei cedo, treinei, depois aproveitei o dia com a minha mãe tranquilamente. É chato, mas se você pegar o Adriano em 2010 vai ver que ele faltava alguns treinos, mas quando vinha se dedicava, treinava. Ia para o jogo, se dedicava no jogo. Ronaldo também vem, vocês acompanham ele treinando, correndo, fazendo tudo. São jogadores que se dedicam, mas quando dão um deslize as pessoas já querem voltar tudo que o cara fez há meses ou há anos. Fica uma coisa chata que acaba respingando em mim e nos outros jogadores.

Disse que se sente mais maduro dentro do campo. Fora de campo está diferente também? O apelido Love não combina mais?

Estou muito diferente. O Love está aposentado (gargalhadas). Vivo uma vida muito mais tranquila, tenho a minha esposa (Lucilene), dificilmente hoje eu saio para algum pagode, para algum lugar. Hoje é programa de casal mesmo. Maioria dos amigos está casada. Meus programas hoje são cinema, restaurante o tempo todo. Estou muito diferente mesmo.

Vagner Love Flamengo (Foto: Alexandre Durão / Globoesporte.com)Vagner Love: sorriso aberto com o retorno ao Flamengo (Foto: Alexandre Durão / Globoesporte.com)

A vida de casado é melhor que a de solteiro?

Muito bom. Bem melhor. Já aproveitei o que tinha para aproveitar, já curti minha vida de solteiro. Hoje eu curto muito do lado da minha mulher e sou muito feliz por isso.

Então você já casou?

Amigado de fé, casado é (risos). Não no papel, mas tenho a minha companheira, moramos juntos há algum tempo, desde a Rússia. Já me considero casado.

Mas vai subir ao altar?

Vou querer fazer daqui a um tempo, esperar mais um pouco, curtir mais um pouco. Daqui a pouco a gente sobe no altar.

Tem falado com o Adriano? Está acompanhando esse processo de recuperação dele?

 

Ainda não. Só acompanhei que fez a cirurgia, vai ficar algumas semanas sem colocar o pé no chão. Estou torcendo muito para que volte logo, para que possa estar aqui sentindo o clima de novo, possa voltar a ficar aqui para se tratar, para que a gente volte a conviver. Espero que ele volte e desejo toda a sorte do mundo para ele, que se recupere logo e volte a ser aquele Adriano que todo mundo conhece.

Você confia nele, na vontade que tem de se recuperar? Acha que o Império do Amor pode ser reconstruído?

Pode dar certo e só depende dele para que dê certo novamente. Se ele acreditar que depois da cirurgia vai ter condições, isso aí vai depender muito dele, não só da gente. A gente vai estar aqui para ajudar no que precisar. Se ele quiser, tiver com vontade e se dedicar, com certeza a gente vai ajudar e ele vai voltar a jogar de novo e a fazer gols.

Como é a sua relação com a Patricia Amorim?

É muito boa. Sempre me tratou superbem, existe respeito das duas partes. Não tenho o que falar dela. Tudo que ela procura fazer é para ajudar a gente, para dar o melhor. Acho que está de parabéns pelo que faz, está sempre presente, procura conversar, pergunta se falta alguma coisa. Acho que está fazendo um ótimo trabalho aqui no Flamengo.

Quando o Joel chegou, disse que você tinha cheiro de gol. Ele está certo?

Eu sinto isso. Às vezes até no treino os caras ficam me zoando. Hoje teve um lance em que a bola bateu, bateu, rebateu e sobrou para mim sem goleiro, a meio metro do gol. Alguns lances que não acontecem com os jogadores, mas acontecem comigo. Fico feliz por isso. De ter o dom de fazer e ter o cheiro do gol. Espero que isso possa continuar acontecendo nos jogos.

Vagner Love se refrescando (Foto: Alexandre Durão / globoesporte.com)Vagner Love se refresca: na Rússia, frio dava o tom (Foto: Alexandre Durão / globoesporte.com)

Você está no melhor momento da carreira?

Estou vivendo um ótimo momento da minha vida. Se não for o melhor, um dos melhores. Estou perto da minha família, perto dos meus filhos (Lovinho, Enzo e Cauã), no time que eu gosto. Acredito que tenho feito um bom trabalho dentro de campo. Espero que eu possa continuar até o fim do meu contrato aqui no Flamengo (o vínculo termina no fim de 2014).

Você teve uma experiência longa na Rússia e antes de voltar surgiram informações sobre o interesse do futebol italiano. Jogar num grande centro europeu é algo que faz falta ou não pensa nisso por enquanto?

Não penso nisso. Tive muita vontade de sair do CSKA um pouco mais cedo e ir para um centro melhor da Europa, mas infelizmente não aconteceu. Mas estou feliz por hoje estar jogando no melhor futebol do mundo.

No jogo contra o Emelec, em Guayaquil, houve um episódio de racismo (os torcedores rivais imitaram um macaco quando Vagner entrou em campo para o aquecimento). Você falou pouco sobre aquilo no dia do jogo. O que sentiu?

Não me afeta porque não é a primeira vez que acontece. Na Rússia aconteceu duas ou três vezes quando fui jogar contra o Zenit, é o time mais racista da Rússia. Nunca falei nada, comentei, nunca tive raiva, nada. É o jeito deles. Infelizmente alguns jogadores não conseguem superar isso, mas graças a Deus nunca tive problema. Sempre entrou aqui e saiu aqui (aponta para os ouvidos), é vida que segue e vamos para jogo.

Em uma entrevista recente você disse que não ia mais para a concentração no CSKA. Acha que isso seria possível aqui Brasil?

Sempre torci para o Flamengo, desde a época que fui para a Rússia, jogava no Palmeiras e continuava assistindo a jogos do Flamengo, torcia. É uma coisa de infância, de coração. Pura e verdadeira"
Vagner Love

Seria. Eu não gosto muito de concentrar. É legal porque a gente troca ideia com outros jogadores, brinca, ri, joga baralho, um fica zoando o outro. Pô, legal para caramba. Mas acho que todo jogador hoje tem consciência do que pode ou não fazer na véspera de um jogo. Não vejo nenhum problema em não se concentrar e chegar de manhã, tomar café, almoçar, descansar e ir para o jogo quatro horas da tarde ou se o jogo for às dez da noite chegar na hora do almoço e ficar no hotel. Na Europa se faz isso, no CSKA eu vinha fazendo isso. Nunca me prejudicou em nada. Acho que nenhum jogador vai beber alguma coisa, vai sair para a noite sabendo que tem um jogo importante no outro dia. Acho que seria possível acontecer no Brasil, mas não depende dos jogadores. É uma coisa da comissão técnica que tem que se reunir, reunir os jogadores, fechar e fazer o que é melhor.

Como você resume a relação com o Flamengo? Qual é a primeira coisa que pensa?

Lembro logo da minha infância, de como eu queria um dia jogar pelo Flamengo e de não imaginar que um dia eu poderia estar aqui. É uma coisa que nunca passou pela minha cabeça jogar pelo Flamengo. Primeiro eu jogava futebol e falava para minha mãe: ‘Mãe, meu sonho é ser um jogador profissional’. Só falava isso. Eu queria muito ser jogador profissional. Sempre torci para o Flamengo, desde a época que fui para a Rússia, jogava no Palmeiras e continuava assistindo a jogos do Flamengo, torcia. É uma coisa de infância, de coração. Pura e verdadeira.

É amor?

É love (risos).

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