A posse de bola a cada dia mais se torna fundamental para o sucesso de uma equipe. O campeão mundial Barcelona, por exemplo, se destaca por trocar passes por muito tempo - e o Santos viu isso de perto, na derrota para o Barça no Mundial de Clubes, no Japão. Sabendo da necessidade do quesito para crescer, o treinador Muricy Ramalho vem batendo nesta tecla com seus jogadores. Durante as partidas, ele preza por um time que tenha o máximo de tempo possível com a bola para, assim, controlar o jogo.
E o Santos vem fazendo isso direitinho. Na partida do último sábado, contra a Ponte Preta, por exemplo, a equipe ficou 61% do tempo com a bola. Resultado: 6 a 1.
Durante o confronto, o Peixe teve lampejos de Barcelona e fez a bola correr durante todo o campo para encontrar espaço na defesa adversária e, assim, matar o jogo.
Para o treinador, a posse de bola tem de ser somada a um fator que o Santos tem de sobra: qualidade individual de seus craques para definir a partida.
– É importante ficar com a bola. Sofremos menos contra-ataques, por exemplo. Daí temos algum desses jogadores para desequilibrar. Eles entenderam que ficar com a bola é importante. Às vezes o Neymar começa a disparar e a gente não consegue encontrar os espaços. É bom os jogadores terem a consciência que a posse é importante – explicou Muricy.
Números impressionantes
Os santistas realmente vêm percebendo isso. Os números comprovam um crescimento do Peixe neste quesito. Ao longo do Campeonato Paulista, a posse foi aumentando gradativamente.
Posse de bola no Paulistão |
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Santos 61% x 39% Ponte Preta |
Santos 60% x 40% Comercial |
Mirassol 47% x 53% Santos |
Santos 48% x 52% Linense |
Botafogo-SP 39% x 61% Santos |
Santos 50% x 50% Palmeiras |
Santos 57% x 43% Oeste |
Paulista 42% x 58% Santos |
Santos 56% x 44% Ituano |
XV de Piracicaba 52% x 48% Santos |
Na primeira partida, ainda com o time reserva – os titulares haviam acabado de retornar de férias – o Peixe perdeu para o XV de Piracicaba em relação a posse: 52% contra 48%. E o resultado foi um empate em 1 a 1.
Na partida seguinte, contra o Ituano, a posse melhorou e o time conquistou a primeira vitória na competição: 2 a 1.
Já contra o Palmeiras, apesar da igualdade na porcentagem (50 a 50), o alvinegro teve vantagem na contagem final: 30 minutos e 17 segundos contra 29 minutos e 58 segundos da equipe alviverde.
O Peixe só ficou atrás em posse mais uma vez no estadual. E novamente com o time reserva – Muricy decidiu poupar os titulares por conta da estreia da equipe na Taça Libertadores. Diante do Linense, na vitória por 4 a 1, teve a posse em 48% do jogo.
E com a bola nos pés, o Santos sabe se aproveitar das equipes que vão para o confronto com um time prioritariamente defensivo, principalmente os do interior.
– Temos de ter ainda mais posse de bola contra time que vem fechado. Contra o Comercial, foi muito alta. O Santos tem de aprender a fazer isso. O time ainda não gosta (de manter a posse) pelas características que têm. Jogamos muito em direção ao gol. Contra time fechado, tem de fazer isso, senão não chega ao gol. Se a gente ficar com a bola, alguém desequilibra.
– O futebol vive de craques. A gente tem a chance de ter o Neymar. É meio caminho andado. Dizendo a eles que precisamos melhorar algumas coisas. Jogar mais juntos. O treinador tem que deixar jogar. A qualquer momento ele desequilibra. Por mais que faça homem a homem, ele vai desequilibrar. Todos os treinadores querem um jogador como esses – completou.
A maior prova disto foi a vitória contra a Ponte. Somada a posse de bola, Neymar fez uma partida memorável. Cavou a expulsão de dois adversários, marcou dois gols e participou direta ou indiretamente dos outros quatro.