Média de público do Vasco é a menor entre brasileiros na Libertadores

 

Média de público do Vasco é a menor entre brasileiros na Libertadores

Os 12.712 pagantes por jogo ficam bem abaixo dos outros cinco times do país. Dirigente nega decepção, mas reconhece problema com área vip

Por Renata DominguesRio de Janeiro

 
Torcida do vasco - Vasco X Libertad (Foto: Divulgação / Flick Oficial do Vasco)Contra o Libertad, 12.776 torcedores pagaram
ingresso (Foto: Divulgação / Flick Oficial do Vasco)

Prestes a completar 85 anos, no dia 21 de abril, São Januário é um estádio com roupagem nova. O gramado foi reformado, o velho alambrado deu lugar a vidros, o placar foi substituído por um moderno equipamento com imagens em alta definição, a arquibancada ganhou novas cores, camarotes foram construídos, e o acesso melhorou consideravelmente. Soma-se a isso o retorno do Vasco à Libertadores após 11 anos. Apesar de tudo isso, o Caldeirão não entra em ebulição: em nenhuma das três partidas pelo torneio houve lotação máxima. Longe disso.

A média de público contra Nacional-URU, Alianza Lima-PER e Libertad-PAR ficou em 12.712 pagantes. Levando-se em conta que são colocados à venda cerca de 19 mil bilhetes (a capacidade máxima é de 23 mil), conclui-se que um terço dos lugares estava vazio. É uma média bem inferior à dos outros brasileiros na Libertadores.

O curioso é que a Copa do Brasil do ano passado, competição que credenciou o Vasco a disputar a Libertadores, atraiu mais gente. Naquela campanha, que teve média de 14.066 pagantes, somente uma partida não teve público maior do que qualquer uma das três na Libertadores. Foi contra o Náutico, disputada com reservas, após vitória no jogo de ida por 3 a 0.

  Média de
público
Jogos Ingressos de
arquibancada
Corinthians 29.587 2 R$ 50
Flamengo 27.328 2 R$ 40 a R$ 60
Fluminense 23.233 2 R$ 40 a R$ 50
Inter 24.100 2 R$ 70 a R$ 90
Santos 18.646 2 R$ 50
Vasco 12.712 3 R$ 60
OBS: O Corinthians já vendeu antecipadamente todos os seus ingressos de arquibancada.

Nos Brasileiros de 2011 e 2010, a média de torcedores também foi maior do que a da Libertadores, com 13.866 e 13.967 pagantes, respectivamente. Na Série B de 2009, com adversários menos expressivos mas com o Maracanã sendo usado em sete partidas, o público pagante foi o dobro: 25.730.

O Vasco, no entanto, não considera baixa a presença dos torcedores na Libertadores. Segundo o vice-presidente de patrimônio Fred Lopes, o público tem correspondido às expectativas, e as melhorias feitas em São Januário não são motivo suficiente para atrair mais gente. Ele argumentou ainda que são destinados 2.500 ingressos para os visitantes e, na vitória por 2 a 0 sobre o Libertad, nessa quarta-feira, o setor ficou praticamente vazio.

- O torcedor é motivado pelo time. Claro que o torcedor fica feliz com o estádio novo. Isso eleva a autoestima, mas não é suficiente para encher o estádio. A Libertadores tem tido um bom público, mesmo com o time perdendo o primeiro jogo. Até que se inaugurem esses estádios para a Copa do Mundo, o Vasco atualmente tem um dos mais modernos da América Latina - disse o dirigente.

Um fator que pode contribuir para os públicos decepcionantes na Libertadores é o preço dos ingressos. A arquibancada em São Januário custa R$ 60, preço acima do cobrado por Corinthians, Flamengo, Fluminense e Santos - apenas no Inter custa mais caro.  Na Copa do Brasil de 2011, os bilhetes saíam pela metade do preço, tendo custado R$ 20 em alguns jogos promocionais.

Comparação entre médias de público pagante do Vasco
Libertadores (2012) 12.712
Copa do Brasil (2011) 14.066
Brasileirão (2011) 13.866
Brasileirão (2010) 13.967
Série B (2009) 25.730

Nos três jogos pela Libertadores, arquibancada e cadeiras sociais ficaram cheias, ainda que não com a lotação máxima. No entanto, a imagem contrastava com a área vip, deserta. O chamado Setor Premium, que se localiza em um local pouco nobre do estádio (atrás de um dos gols), foi inaugurado em setembro do ano passado e custa R$ 150. São cerca de 1.900 lugares numa área que oferece estrutura própria de banheiros, bar estilizado, painéis com ídolos e trechos da história do clube como parte da decoração. 

Fred Lopes concorda que a área vip de São Januário ainda não é bem explorada:

- O Setor Premium foi criado com o objetivo de trazer vendas corporativas, em trabalho com a rede hoteleira e agências de turismo, coisa que ainda aconteceu. Ainda não se definiu o modelo ideal. A empresa responsável está trabalhando para isso. Já identificamos o problema. A média tem sido muito baixa, o que é ruim para nós e para a empresa que fez o investimento. Acredito que haja uma falha na forma de explorar o local. A ideia é atingir um público mais elitizado, com poder aquisitivo maior. Por isso não se pode banalizar o valor. O que acho que está acontecendo é um erro na forma de vender o produto.

O Vasco volta a jogar em São Januário neste domingo, mas pelo Campeonato Carioca: enfrenta o Resende, às 16h, pela quinta rodada da Taça Rio. O torcedor terá bastante tempo para sentir saudade de ver jogos pela Libertadores, já que os dois restantes no Grupo 5, contra Alianza Lima e Nacional, serão fora de casa. Ou seja, a chance de ver o Caldeirão fervendo terá de esperar as oitavas de final, caso o Vasco consiga a classificação.

 

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